quarta-feira, 20 de maio de 2009

...Como a ti mesmo.

Na última segunda tive um compromisso no centro da cidade. Tinha que ser pontual e chegar na Avenida 7 ás 15:10, mesmo com toda aquela água caindo do céu de Salvador. Nessas circunstâncias eu tive duas leves preocupações relacionadas à chuva: Perder o horário e não conseguir voltar pra casa a tempo de ainda pegar um cineminha de noite.
Já dentro do ônibus, com o tempo apertado e o asfalto molhado, segui com minhas preocupaçõezinhas até um cara entrar e ficar caçando moedas no fundo do bolso por umas duas ou três entradas de gente, chegando à conclusão de que não possuia dinheiro suficiente para quitar sua passagem. O tal sujeito não me pareceu ser má pessoa! Tinha uma aparência de gente tranqüila, apesar de sofrida, mas as aparências enganam e isso me inquietou! Enquanto ele contava alguma história ao cobrador, que já o pressionava, comecei a ficar realmente incomodado com aquela situação e, inconscientemente, priorizei o problema daquele homem em meus pensamentos, já acreditando nele e esquecendo totalmente os meus, de gravidade bem menor.
Dei ao cara o dinheiro pra que ele pagasse a passagem. Isso seria apenas minha boa ação do dia se ele não tivesse me olhado daquele jeito! Arregalou os olhos em minha direção e ficou alguns segundos paralizado como tentando entender que parte eu tinha com o problema que era dele. Quase me fez soltar uma piadinha: "Fecha a boca vei!", só pensei. Antes disso o cobrador tinha dito que aquele ônibus não servia pro lugar que ele estava indo e ele, se lembrando disso, quis me devolver o dinheiro, como se o outro que ele teria que pegar fosse de graça! Lembrei isso e ele se envergonhou por um instante de sua ingênuidade, mas ficou bastante agradecido e se sentiu na obrigação de ser simpático, conversando comigo vários assuntos sem muito dizer, como se quizesse manter um certo vínculo com alguém que se importou com ele.
Finalmente me contou o que tinha acontecido pra ele desenteirar o dinheiro e eu acreditei sem me importar muito se era verdade, mas parecia ser. Desceu, me agradecendo mais uma vez, e mais uma, já do lado de fora.
Me senti satisfeito por não ter perdido um momento como aquele e isso me fez também pensar no que Jesus falara sobre amor ao próximo. Talvez Ele quisesse mesmo falar dessas pequenas atitudes de amor que criam vínculos entre as pessoas, afinal de contas, nem todo próximo é um chegado! Às vezes não é nem um conhecido, como foi nesse caso. Voltei pros meus fones de ouvido e pensamentos e pouco tempo depois, a frase: "o Deus que se canta nem sempre é o Deus que se vive", João Alexandre é o cara!..e o verso... muito apropriado! Senti de novo a mesma satisfação e ainda cheguei 10 minutos antes ao meu destino. Um dia ótimo até o ultimo segundo, ou até a hora do sono, nas primeiras horas do dia seguinte.

Nenhum comentário:

Postar um comentário